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Nov
O bate-papo foi ao ar nesta quarta-feira (22), das 12h às 13h (de Cuiabá), na Rádio Metrópole FM, reunindo mulheres que são lideranças na pecuária mato-grossense
Da Redação
Terceira geração na pecuária pantaneira, a advogada Daniela Campos Preza, diretora do Sindicato Rural de Poconé e integrante do projeto Guardiões do Pantanal falou durante o Programa Nelore MT, na Rádio Metrópole FM 105.9 MHz, de Cuiabá, sobre as adversidades enfrentadas pela população que vive no pantanal mato-grossense, que compreende 15 municípios, dentre eles, Poconé.
“O projeto Guardiões do Pantanal surgiu em 2020, durante a situação crítica de fogo no Pantanal, como uma forma de resgatar a voz do homem e da mulher pantaneira, queríamos mostrar e valorizar o trabalho histórico de pessoas que há mais de 300 anos vem trabalhando pela região sem estrutura, sem apoio e de forma solitária”, destacou Dra Daniela.
Para 2024, o objetivo é formalizar a associação a partir da criação de CNPJ, estatuto e outras documentações para que isso ajude na implementação de projetos e ainda no aporte de recursos para melhorar as condições de vida na localidade, que não só questões ambientais, como sociais e econômicos. “O pantaneiro precisa de apoio para preservar o pantanal, o seu lar”.
Outra informação relevante que ela tratou durante o programa: 80% das propriedades do Pantanal, atualmente, têm até 300 cabeças de gado. Portanto, dizer “rei do gado”, na avaliação da advogada, é muito mais marketing negativo sobre o produtor pantaneiro que uma realidade, já que somente cinco propriedades (em um universo de 303 ativas) possuem mais de 5 mil cabeças de gado.
“O perfil do criador pantaneiro é de pequeno produtor, justamente por falta de segurança jurídica muitos deixaram de investir na pecuária no pantanal. Imagine ficar a mercê de atuações, de embargo e inúmeros prejuízos financeiro e ambientais. Porque o Pantanal enfrenta muita falta de estrutura, ou seja, não temos escolas, unidades de saúde, estrada e até mesmo posto de gasolina no trajeto”, descreveu.
Daniela explica que o Pantanal sofre, portanto, três grandes ausências: de pessoas, do estado e de legislação. “Houve uma grande comoção, em 2020, por conta dos incêndios, o que contribuiu para mostrar a situação de abandono que sofremos. Essa situação vem sendo revertida, neste ano, conseguimos a instalação de uma Brigada do Corpo de Bombeiros e de poços artesianos, mas ainda falta muita coisa”, acrescentou.
No quesito legislação, a advogada e pecuarista diz estar à frente de uma comissão instalada na OAB-MT responsável, juntamente com uma comissão composta por governo, setor produtivo e ONGs, para dar continuidade à atualização das regras de manejo do bioma Pantanal. “Infelizmente, foram mais de 14 anos até que a Lei Pantanal 2008 fosse aprovada e regulamentada no ano passado pelo Governo do Estado”.
Outro instrumento que também só surgiu após o Pantanal pegar foi o Decreto 785/2021, em que a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema-MT) passou a emitir autorizações de limpeza de áreas no Pantanal. “As pessoas precisam compreender que limpar não é desmatar. Fazer a limpeza da sujeira que vem das enchentes é fundamental para evitar material acumulado suscetível a pegar fogo. Lembrando que quanto temos chuva com vento e raio, ou quando há um curto-circuito elétrico, o fogo pode se alastrar rapidamente”.
O bate-papo contou com a participação da produtora rural de Cáceres, Ida Beatriz Machado, que já atuou como professora e pesquisadora, e a médica veterinária, pecuarista e liderança da Agroligadas, Eloisa El Hage. “O programa tem essa finalidade, estreitar relacionamento com a população, levando informações de qualidade, relevância e atualizadas sobre o trabalho no campo”, finalizou Eloisa.
Assista o programa neste link: https://youtube.com/live/urGV2fWx5Mo?feature=share