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Out
Durante palestra na sede da Associação Nelore-MT nesta semana, pecuaristas debateram a importância da utilização das novas tecnologias para otimizar produção, rentabilidade e até ter dados da “pegada de carbono”
Da Redação
Palestra realizada pela Associação dos Criadores Nelore de Mato Grosso (ACNMT) promove discussão com pecuaristas sobre o uso de inteligência artificial para otimizar as tomadas de decisão na pecuária de corte e assim evitar prejuízos ao criador. Esse sistema reúne variáveis como clima, solo, raça, fertilidade do solo, curva de preços e mercado.
“Não queremos mais que o criador deixe dinheiro na mesa, por isso é um sistema que auxilia no processo decisório em qualquer dos sistemas, tanto cria, recria e engorda, quanto de pasto ou confinamento. A ferramenta interage em “tempo real”, ou seja, oferece respostas rápidas para elaborar um processo de tomada de decisão” mais rentável”, destacou o palestrante Paulo Dancieri, cofundador e CEO da Bovexo.
Entre as informações que podem contribuir e que ficam à disposição do criador estão, por exemplo, a melhor estratégia de dieta do animal, que vai combinar com o tipo de solo e clima naquele momento do ano e/ou da estação, bem como a identificação dos animais de alto e baixo desempenho, vai ainda gerir esses animais em tempo real, e prospectar cenários de compra e venda dos animais.
Para o presidente da Nelore Mato Grosso, Alexandre El Hage, que além de criador, também é zootecnista, a entidade vem cumprindo seu papel em levar soluções inteligentes para que o produtor possa mudar principalmente a mentalidade e gerencie a fazenda como um negócio, adotando boas práticas inclusive de gestão.
“A questão não é deixar de ser um apaixonado pela pecuária e pelo Nelore, mas é ampliar nossa visão sobre o nosso trabalho para obter os melhores resultados produtivos e genéticos, ou seja, buscando melhoramento constante do rebanho. Nossa proposta é deixar de lado o “achismo” para tomar decisões a partir de informações técnicas, confiáveis, com análises e dentro de um planejamento”, explicou.
Transformação digital
Mato Grosso possui um rebanho bovino de 34,3 milhões de cabeças, o maior do país já há alguns anos consecutivos, cerca de 80% Nelore ou “anelorado”, porém Paulo Dancieri acredita que é possível fortalecer ainda mais e com isso diminuir os impactos dos ciclos de “baixa da pecuária” a partir da adoção de novas tecnologias, a exemplo do que a agricultura faz.
“Nós sabemos que tudo isso envolve certo sacrifício, porque mexe com mudança de paradigma, de modelo mental, de processos que são muito antigos e que muitas vezes são passados de pai para filho. Mas essas mudanças são necessárias, já que o criador precisa trabalhar a partir de dados, tem que ter a mensuração de tudo que está fazendo. Não adianta fazer uma pecuária e não medir nada”.
O palestrante pontua que há várias formas de mensurar, uma delas é identificar os animais, uma vez que é necessário tratar o indivíduo e não somente o lote, de modo a pesar e acompanhar esses animais. O peso é uma ferramenta, então, a balança, seja qual tecnologia for, é um instrumento vital para conseguir obter um norte. “A partir desse dado, o produtor pode inclusive corrigir o curso, eventualmente, se necessário, dentro da janela econômica de oportunidade, com condição de multiplicação de até 10 vezes dos lucros”.
Pegada de carbono
Outro item que o sistema de inteligência artificial traz, além do gerenciamento global da propriedade, é a medição das emissões de carbono da pecuária (“pegada carbônica”). Essa análise é feita com base na balança proteica energética do animal, de quanto de CO2 equivalente emite – que é a soma do gás carbônico com metano entérico e óxido nitroso – trazendo uma base equivalente.
“A medições dessas emissões já permitem fazer a redução a partir das dietas dos animais. Também já pode gerar crédito aos pecuaristas. Mas acredito que a principal vantagem de ter a informação é mostrar que a pecuária brasileira é sustentável, só que o setor ainda não estava fazendo essa medição”, destacou Paulo nesta segunda-feira (10.10), durante palestra realizada na sede da ACNMT, em Cuiabá.