07
Jun
A Associação de Criadores Nelore de Mato Grosso (ACNMT) recebeu na noite desta segunda-feira (06.06) os deputados estaduais Allan Kardec (PSB) e Carlos Avallone (PSDB) para declarar apoio ao fortalecimento da atividade pecuária no Pantanal. Segundo dados divulgados durante a reunião, a atividade, que em 1974 somava mais de 1 milhão de cabeças no Pantanal, hoje não contabiliza 400 mil animais.
Os deputados, que participaram do Fórum Internacional do Turismo no Pantanal (Fit Pantanal), para debater assuntos como sustentabilidade econômica, fomento ao turismo e estímulo à pecuária na região pantaneira, se colocaram à disposição da ACNMT para ajudar no que for possível.
O presidente da Associação, Aldo Rezende Telles, lembrou que a atividade pecuária sempre esteve amparada na sustentabilidade ambiental, social e econômico, e destacou que a região, que hoje vê a pecuária, sua principal atividade econômica, diminuir significativamente, também deve ser defendida por nossos políticos. “O Pantanal hoje padece, pois os pecuaristas estão saindo do Pantanal, devido a vários fatores, e isso te feito com que a população do Pantanal, que sempre viveu da pecuária, encontre dificuldades para sobreviver”.
A inviabilização da atividade pecuária tem expulsado o homem pantaneiro da região, as plantas invasoras tomaram conta da vegetação, e isso fez com que os incêndios incontroláveis gerassem prejuízos financeiros, destruindo a natureza.
Aldo, que é um dos principais produtores do estado, asseverou que a legislação vigente dificulta o desenvolvimento da pecuária, uma aptidão da região que por muitos anos contribuiu com o desenvolvimento social e manutenção do bioma. “O Pantanal não pode ser limitado ao turismo de pesca e avistamento de onça”, destacou o presidente da ACNMT.
“Mais do que fomentar o pecuária no Pantanal, atividade de grande potencial e que enfrenta problemas a serem superados, a reunião discutiu formas para garantir a qualidade de vida, renda e desenvolvimento para os povos do Pantanal”, declarou Aldo Rezende Telles. Ele lembrou que a pecuária é uma das atividades mais antigas da região, e remete à época da colonização do Brasil. “A história da pecuária e do Pantanal se confundem e se completam, tamanha a dependência que o bioma Pantanal tem da pecuária, e vice versa.O Pantanal precisa mais do boi do que o contrário”, disse Aldo.
“Temos uma proposta para ajustar a Lei 8.830/2008, com pequenas adaptações para que o pantaneiro volte para o Pantanal, com a viabilização da atividade pecuária e do turismo, que são as atividades vocacionais da região”, explicou o deputado estadual Avallone, presidente da Comissão de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Recursos Minerais da ALMT.
O parlamentar Allan Kardec, vice-presidente da Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa (AL/MT) é um dos principais defensores do povo pantaneiro e da atividade pecuária na região. Filho de produtores, disse que a pecuária e o ecoturismo são vitais para manter o pantaneiro no Pantanal. “Precisamos avançar junto com o pantaneiro, pra ver como nós podemos melhorar a qualidade de vida da população que vive lá, melhorando o processo do manejo do gado, que está lá há 300 anos, e que sempre beneficiou o Pantanal”.
Kardec destacou que o debate realizado na sede da ACNMT foi amplo e que as explicações técnicas feitas por autoridades como o 1º Diretor Tesoureiro da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), José João Bernardes, e o consultor Amado de Oliveira, também da Acrimat, mostram que a pecuária é a salvação do Pantanal e de seu povo.
“Nossa conversa buscou um bom senso entre o desenvolvimento econômico e a proteção, a sustentabilidade do Pantanal. Nunca vimos ou temos notícia de um pecuarista pantaneiro que caçou uma onça ou que agrediu a vegetação pantaneira; a pecuária está no Pantanal há mais de 300 anos, e sempre ajudou na manutenção de um ambiente mais sustentável. Precisamos mostrar para o mundo que a pecuária é vital para o Pantanal”, destacou Bernardes.
O consultor Amado de Oliveira destacou que pontos essenciais para a preservação do Pantanal, como o manejo da vegetação do Pantanal, uma prática centenária. “O manejo usado pelos produtores pantaneiros consiste em pastorear a vegetação nativa com o rebanho e a limpeza através de roçada e queimadas controladas no final do período chuvoso, o chamado fogo frio, pois como a vegetação ainda está verde, a prática é aplicada de forma responsável e tem começo, meio e fim, e se não for feita, a vegetação no período seco vira combustível caso ocorra um incêndio como o que visto no passado”.
Os parlamentares se comprometeram a ajudar a ACNMT e os pecuaristas a fender a atividade pecuária no Pantanal, como forma de devolver á região sua época de ouro, quando meio ambiente e pecuária andavam de mãos dadas, e a riqueza gerada no Pantanal beneficiava a população mato-grossense.